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Fabricantes de ATMs ajustam-se à era digital

20 Jun

Desde que os bancos brasileiros começaram a investir em serviços pela internet, em 1996, os fabricantes de terminais de autoatendimento (ATMs) e as próprias instituições financeiras têm previsto uma redução gradativa no uso dos caixas eletrônicos, em detrimento das operações via web. Agora, 16 anos depois, as operações on-line parecem finalmente prestes a superar as transações feitas por meio desses equipamentos, o que está obrigando os fabricantes de ATMs a reformular seus produtos e passar a investir em softwares para operações financeiras.

A Diebold, companhia de capital americano especializada na produção de ATMs e urnas eletrônicas, planeja investir US$ 50 milhões no Brasil neste ano para estimular a criação de softwares dedicados à realização de transações via internet e dispositivos móveis, além de programas anti-fraude. "Essas são as áreas que mais crescem em número de transações e nas a companhia vai investir para tornar-se um grande competidor", disse ao Valor João Abud Júnior, presidente da Diebold no Brasil.

A companhia já desenvolve softwares de automação bancária nas unidades de Manaus e São Paulo e avalia a aquisição de empresas de software no Brasil para acelerar sua entrada no segmento, afirmou o executivo. "A previsão é entrar nessa área com agressividade já neste ano", disse Abud. Ele estimou que a área de software representará pelo menos 15% de sua receita em 2015. Em 2011, a Diebold registrou queda de 14,3% na receita total obtida no Brasil, para R$ 1,2 bilhão. A companhia não divulga projeção para este ano.

A estratégia da Diebold leva em consideração o rápido avanço no volume de transações realizadas sem ATMs. Conforme dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as transações por internet estão prestes a ultrapassar as operações em caixas eletrônicos, em volume. Em 2011, o total de operações bancárias cresceu 12%, chegando a 66,4 bilhões de transações. As operações por internet representaram 23,6% desse total, contra 13,9% em 2007. As transações nas agências e em caixas eletrônicos 24 horas responderam por 24,4% das transações em 2011, ante 30,2% em 2007.

No Brasil, transações via internet estão prestes a superar em volume as operações nos caixas eletrônicos

No ano passado, enquanto as operações por internet aumentaram 19,8%, as transações em ATMs aumentaram 7,3%. Como resultado, a demanda por terminais no país cresceu 4% no período, para 182 mil unidades. Fabricantes ouvidos pelo Valor estimaram para este ano um crescimento de até 4% nas vendas desses equipamentos, impulsionadas pela substituição natural de ATMs e pela adoção de tecnologias mais modernas.

As operações realizadas com dispositivos móveis (smartphones, celulares e tablets) tiveram uma participação pequena, totalizando 180 milhões de transações em 2011. Mas o crescimento de 50% em relação ao ano anterior e as perspectivas de expansão acelerada estimularam bancos e fabricantes de equipamentos a redobrar as apostas no segmento.

A Itautec desenvolveu um serviço que mescla a transação por dispositivo móvel com os serviços do caixa eletrônico. A companhia vai lançar nesta semana um software que permite ao usuário iniciar as transações bancárias em smartphones e tablets e terminá-las no ATM. O software realiza operações como consulta de saldos e extratos e saques. "A integração entre operações no ATM e em dispositivos móveis será cada vez maior", afirmou Wilton Ruas, vice-presidente de automação da Itautec. O executivo disse que as transações por dispositivos móveis permitem ao correntista passar menos tempo realizando um saque ou outra operação que dependa de um ATM.

A tecnologia também reduz o custo por transação para os bancos e aumenta o tempo de vida útil do ATM, disse Ruas. A Itautec não divulga estimativa de vendas para o ano. Em 2011, a companhia registrou queda de 19,7% na receita com automação bancária, para R$ 380,2 milhões. Em seu balanço, a Itautec associou o resultado a uma postergação dos investimentos em tecnologia pelos bancos. No ano, houve queda de 31,5% nas entregas de equipamentos de automação bancária, para 15,7 mil unidades.



A americana NCR também decidiu investir na área de software, como forma de atender à demanda das instituições financeiras e incrementar a receita. Em janeiro, a companhia comprou uma participação minoritária na também americana uGenius Technology, especializada em softwares que permitem ao correntista interagir e realizar transações em ATMs por vídeo, de forma remota. No Brasil, a companhia pretende colocar no mercado nesta semana um software similar ao da Itautec, que permite iniciar as operações de saque usando o dispositivo móvel e retirar as cédulas em um ATM.

Entre as principais fornecedoras de ATMs para os bancos que atuam no país, a brasileira Perto é a única que ainda não desenvolve softwares capazes de substituir operações realizadas pelos terminais de autoatendimento. A empresa investiu no desenvolvimento de terminais que realizam 150 transações bancárias diferentes e "reciclam" dinheiro.

O ATM tradicional tem compartimentos específicos para receber depósitos (em dinheiro ou cheque) e dispensar cédulas nas operações de saque. A companhia vai apresentar um ATM capaz de identificar as notas de depósito (como as máquinas automáticas de autosserviço) e deixá-las automaticamente disponíveis para saque. "Esse tipo de equipamento reduz os custos das agências com o transporte de valores e é uma tecnologia que tende a ser adotada globalmente", disse Marco Aurélio Freitas, diretor comercial da Perto.

Freitas disse que os ATMs recicladores tendem a ser adotados por bancos brasileiros já neste ano. Segundo o executivo, esse tipo de tecnologia poderá representar de 10% a 20% do parque de terminais existente no país.

A Perto também espera incrementar sua receita neste ano com a produção e venda no Brasil de terminais de captura de transações (conhecidas como POS). Em dois anos, a companhia vendeu 50 mil terminais desse tipo no país. A Perto tem como meta atingir vendas de 300 mil unidades em até três anos. De acordo com Freitas, esse será o segmento de negócios que mais crescerá em receita para a companhia. No ano passado, o segmento de POS respondeu por 7% da receita total da Perto, de R$ 248 milhões. Para este ano, a companhia projeta um crescimento em receita de 21%, para R$ 300 milhões.

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