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Presidente reúne governadores e prefeitos da Copa

31 Mai


No primeiro encontro convocado pela presidente Dilma Rousseff com todos os prefeitos e governadores envolvidos na organização da Copa do Mundo de 2014, a reunião deverá ser marcada hoje em Brasília por uma agenda de cobranças recíprocas. De um lado, a presidente, maior interessada no sucesso da Copa - que pode favorecer sua reeleição - exigirá mais empenho, sobretudo das cidades-sede que estão com o cronograma mais atrasado. Do outro lado, prefeitos e governadores, aproveitarão para obter de Dilma compromisso com demandas regionais. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, não irá ao encontro.

A reunião - adiada para que a presidente se recuperasse de uma pneumonia, no início do mês - ocorre num momento de fragilidade política. Dilma enfrenta a crise do caso que atinge seu ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e a primeira grande derrota no Congresso, com a aprovação do Novo Código Florestal. Em março, a presidente teve encontros individuais com alguns governadores como o de São Paulo, Geraldo Alckmin.

O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), e o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB) têm posições distintas em relação à crise por que passa a presidente. Fortunati demonstra apoio, enquanto o tucano Anastasia prefere não misturar assuntos políticos e administrativos. Em comum, ambos estão de olho em projetos que requerem parceria com a União.

José Fortunati disse que vai pedir o apoio de Dilma para a revitalização do cais do porto da cidade, que prevê a implantação de um complexo de lazer e gastronomia. A licitação das obras foi feita, mas a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) embargou o processo por se tratar de área da União. O desfecho depende de uma autorização do governo federal.

Fortunati não vê a crise política no entorno do ministro Palocci como ameaça aos investimentos federais em obras da Copa. Mesmo assim, disse que vai aproveitar a viagem para conversar sobre o assunto com prefeitos da base de apoio da presidente. "Vamos pensar no que fazer e, da minha parte, vou fazer o que for preciso para contribuir para que essa crise seja debelada o mais rapidamente".

Antonio Anastasia procura se manter distante das articulações políticas em relação ao caso Palocci. Inteiramente vinculado a seu antecessor, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), Anastasia se resguarda aos temas estaduais.

Entre ele e Aécio, há uma espécie de divisão de tarefas: o governador jamais discorda de iniciativas do senador. Aécio não interfere na boa relação administrativa entre Belo Horizonte e Brasília. Na primeira visita de Dilma à capital mineira, os presidentes estaduais do PSDB e do DEM foram à solenidade patrocinada pelo governo federal. A prioridade para o governo mineiro é conseguir convencer a presidente a acelerar o processo de concessão do aeroporto internacional de Confins para a iniciativa privada.

Já a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), revelou que a turbulência política em Brasília está atrapalhando sua administração. Como exemplo, ela disse estar com muitas dificuldades para liberar uma emenda da bancada cearense na Câmara, que aprovou a construção de um aterro hidráulico em Fortaleza. "Estou tentando falar com o Palocci para viabilizar isso e não consigo", revelou. Luizianne avalia que Dilma deve intensificar as agendas públicas como estratégia para debelar a crise política. "O governo não pode parar por conta disso (crise política)", afirmou.

Além da liberação da emenda para o aterro, projeto de R$ 45 milhões, Luizianne vai pedir ao governo federal mais empenho no processo de desburocratização dos financiamentos concedidos pela Caixa Econômica Federal às cidades-sede.

Na Bahia, a preocupação também é com a liberação de recursos, do BNDES. Uma das principais obras, de reconstrução do estádio da Fonte Nova, pode atrasar caso o banco de fomento federal continue a acatar recomendação do Tribunal de Contas do Estado de bloquear o financiamento até que o projeto executivo seja apresentado. "Não há atraso. Estamos com esse impasse, se não houver solução em 30 dias, a obra vai atrasar", afirmou o secretário estadual para a Copa de 2014 da Bahia, Ney Campello. O secretário questiona que a interpretação dos tribunais de contas estaduais e da União sobre as obras da Copa tem se baseado na lei de licitações, mas a maioria dos contratos emperrados refere-se a concessões ou a Parcerias Público-Privadas (PPPs).

A entrevista dada pelo governador da Bahia, Jaques Wagner, cobrando explicações mais claras de Palocci sobre o aumento do patrimônio pessoal, não foi vista como pressão sobre a presidente, ou uma jogada combinada, para a queda do ministro. O próprio Wagner assustou-se com a repercussão de suas palavras e disse, a interlocutores no Palácio, que "mantém toda a confiança em Palocci, mas acha que ele precisa se explicar logo para acabar com as suspeitas e insinuações".

Em Pernambuco, a avaliação é de que há um movimento orquestrado em Brasília para forçar Dilma a deixar a seara administrativa e entrar na disputa política, paralisando o governo. Uma fonte no Palácio do Campo das Princesas, sede do Executivo Estadual, sugere que pode se tratar de fogo amigo: "Não vemos no PSDB ou no DEM capacidade para articular esse movimento". Também preocupado com a possibilidade de paralisação do governo, o prefeito do Recife, João da Costa (PT), vai apresentar no encontro de hoje a maquete de um importante projeto viário da capital pernambucana, incluído no chamado PAC da Copa.

A governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), tem a expectativa de que a reunião resulte em mais agilidade no andamento das obras, atrasadas, afirma, por causa da burocracia. "A expectativa é positiva. Tem muita coisa a ser feita, é bom que ela [Dilma] esteja na linha de frente", disse. A capital potiguar está entre as mais atrasadas.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, não comparecerá à reunião. Ficará na cidade para recepcionar autoridades como Michael Bloomberg, prefeito de Nova York, e Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos, que confirmaram presença no C40 Summit, cúpula sobre desenvolvimento sustentável. Em seu lugar, irá a vice-prefeita Alda Marco Antonio (PMDB) e o secretário municipal de Assuntos para a Copa do Mundo de 2014, Gilmar Tadeu (PCdoB). "Acredito que será uma reunião de controle. Kassab não nos passou nenhuma demanda específica", diz Tadeu.

Por conta dos atrasos, São Paulo, ao lado de Natal, deixará de ser uma das sedes da Copa das Confederações, em 2013, e perdeu o centro internacional de imprensa para o Rio de Janeiro. O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, ameaçou a cidade de ser excluída da Copa de 2014.

O Rio será representado pelo prefeito Eduardo Paes e o vice-governador Luiz Fernando Pezão.

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