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Bancários do Piauí promovem dia de luta em homenagem a colega morto em assalto

10 Mai

As agências do Piauí amanheceram de luto. Em cada uma foi afixada uma faixa preta com a frase "Bancários de luto por falta de segurança". Por iniciativa do Sindicato dos Bancários do Piauí, os bancários de várias agências de Teresina se uniram na manhã desta segunda-feira, dia 9, em frente a superintendência do Banco do Brasil, na Rua Álvaro Mendes, no centro da cidade, durante ato público para prestar uma homenagem ao colega Humberto Veloso, assassinado brutalmente no último dia 3, em Luzilândia, interior do Estado, durante assalto com reféns à agência do Banco do Brasil daquela cidade.

De mãos dadas, todos rezaram um pai-nosso e aplaudiram o bancário que perdeu a vida no exercício do trabalho. Representantes de vários sindicatos e da política marcaram presença para prestar solidariedade ao gerente morto. Apesar de terem sido convidados para marcar presença, não compareceram representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (Secção Piauí) e dos Direitos Humanos.

Foi preciso um bancário perder a vida para servir de alerta as autoridades quanto à falta de segurança nas agências bancárias da capital e interior do Piauí.

Cobrando segurança pública por ser um dever do Estado, o presidente do Sindicato, José Ulisses de Oliveira, defendeu melhores condições de trabalho para os bancários do interior e por serem os que mais sofrem pela falta de policiamento. "O que mais estamos presenciando na mídia nacional é justamente a violência e no Piauí não é diferente", diz, referindo-se aos constantes assaltos aos bancos do interior.

Ele agradeceu a presença de todos ao ato público e também conclamou o público no sentido de exigir segurança não somente para os bancários, mas também para os rodoviários, motoristas, taxistas, mototaxistas, comerciantes e todos que são vítimas de assaltos e nada se faz para reverter essa situação.

O diretor do Sindicato, João Neto, esclareceu que o problema da falta de segurança nas agências não é de hoje, mas algo que vem sendo cobrado há bastante tempo por parte dos bancários. "No interior, o problema é mais grave ainda, pois falta policiamento. E o vigilante do banco não tem poder de polícia, mas apenas de segurança", observa.

Ele acrescenta, por exemplo, que além da falta de porta giratória de segurança, as agências deveriam ter também vidros blindados, o que não acontece. "Temos que cobrar isso das empresas e do poder público, pois existe um total descaso com relação à segurança", enfatiza o sindicalista.

Se já não bastasse a questão do estresse, mal esse que acomete a maioria dos bancários, eles convivem diariamente com a insegurança e trabalham apavorados, pois saem para trabalhar, mas não sabem se voltam para casa.

João Neto fez referência à lei que proíbe o uso de celulares no interior das agências, mas também falou sobre a Lei do Biombo - que não existe no Piauí - a qual obriga as agências a instalar biombos a fim de evitar que os bandidos possam observar os clientes efetuando saques e assim ser alvos para assaltos no momento que deixar os bancos. "No caso de Luzilândia, por exemplo, apenas três policiais são responsáveis para fazer a guarnição de toda a cidade", diz, mencionando que a responsabilidade da segurança é um dever do Estado.

O bancário José Carlúcio da Cruz também deu seu depoimento em solidariedade ao gerente do BB. Aproveitou e parabenizou a iniciativa do Sindicato pela realização do ato público e pela luta por mais segurança nas agências. "A situação, hoje, não é boa só para os bancários, mas para sociedade com um todo que faz uso dos serviços bancários", pondera.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores do Piauí (CUT-PI), Manoel Rodrigues, falou em nome da classe trabalhadora ao manifestar solidariedade a família de Humberto Veloso e destacou a importância deste ato público. "É preciso evidenciar a necessidade de segurança há muito tempo e, a partir dessa manifestação, alertar as autoridades sobre a urgência de ações que visam solucionar o problema e a CUT vai prestar apoio ao Sindicato dos Bancários nessa luta".

O vice-presidente do Sindicato, João Sales Neto, disse ainda que a categoria continua de luto e que a entidade não vai ficar de braços cruzados diante de um fato deste.

Inácio Schuck, presidente do Sindicato dos Previdenciários do Piauí, mostrou sua indignação com a falta de segurança que não acontece somente nas agências bancárias, mas também preocupa todos. "Temos que fazer um boicote à forma como os bancos tratam seus clientes", enfatiza.

A deputada estadual Flora Izabel cobrou também mais responsabilidade por parte do sistema financeiro nacional no que diz respeito à segurança. "Temos que ter segurança dentro e fora das agências bancárias", justifica, acrescentando que o mesmo deve acontecer também no local onde ficam os caixas de autoatendimento. "Não podemos ficar calados diante deste tipo de situação".

Gilberto Paixão, secretário geral do Sindicato dos Comerciários, foi taxativo ao afirmar que não se pode aceitar que o capital seja mais valioso do que o ser humano. "Todo dia, várias pessoas são vítimas dos assaltos e perdem a vida até mesmo dentro de casa por falta de segurança. Os banqueiros estão esquecendo de dar proteção aos seus empregados e clientes que ficam sem segurança, inclusive substituindo a mão-de-obra humana pelas máquinas", concluiu.

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