Mesmo com redução de assaltos, agências são alvos de assaltantes
04 Abr
A redução em assaltos a bancos ocorrida nos últimos anos não significa que eles deixaram de ser alvo dos criminosos. Se antes quadrilhas armadas buscavam cofres, hoje os clientes que realizam pequenos saques e os caixas eletrônicos, facilmente arrombados, são a bola da vez.
Para Nilton Migdal, consultor em segurança, apesar de grande parte das agências bancárias descumprir as normas previstas por lei, o nível de segurança dentro de suas instalações pode ser considerado médio. "A saída do banco é o problema. Lá ficam os olheiros (pessoas que repassam informações para um comparsa fora da agência) e até funcionários mal intencionados", alertou.
No último dia 28, a Polícia Civil prendeu uma quadrilha especializada em "saidinhas de banco". Seis homens, que teriam cometido pelo menos dez assaltos na Zona Sul, Barueri e Taboão da Serra, foram presos. Com eles, foram encontrados dois carros e uma moto. Em um dos veículos, havia um compartimento secreto para esconder um revólver e uma pistola usados pelo grupo.
Na quinta-feira, dois homens que adulteravam caixas eletrônicos foram presos. A dupla instalava um equipamento nos caixas que capturava os depósitos feitos à noite. O Procon informou que, segundo o Código de Defesa do Consumidor, as agências bancárias são obrigadas a devolver aos clientes o dinheiro depositado e extraviado.
Para Migdal, as agências têm de pensar em novas estratégias para conter essas modalidades criminosas.
"Os assaltantes não estão mais interessados em roubar o banco em si, já que as transações pela internet e por cartões não justificam mais o armazenamento de grandes quantidades de dinheiro dentro das agências", disse o especialista.
FORA É PIOR
Entrevista
Daniel Reis
Diretor do Sindicato dos Bancários
Luta por fiscalização
DIÁRIO_ Qual a principal falha na segurança dos bancos em São Paulo?
DANIEL REIS_ O quadro de vigilantes fica desfalcado no almoço, já que os bancos não trabalham com uma pessoa a mais que o mínimo exigido.
E o transporte de valores?
Também é irregular. As instituições não investem em transporte especializado e sobra para o funcionário a tarefa de transportar valores altos ou chaves eletrônicas.
Isso acontece com frequência?
Sim, principalmente na Grande São Paulo e no interior. É uma responsabilidade grande, já que os valores são altos e essas chaves abrem cofres e agências. É aí que acontecem os acidentes.
Qual é a principal reinvidicação do sindicato nesse sentido?
Lutamos para que a Polícia Federal fiscalize os bancos com mais rigor. A obrigatoriedade da porta de segurança também é essencial, já que a dificuldade para entrar nas agências faria o bandido pensar duas vezes antes de agir.