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Insegurança nas ruas faz crescer a procura por vigilância e monitoramento privados em Niterói

17 Jul

A falta de segurança pública nas ruas de Niterói alimenta um setor dedicado a tentar preencher esse vazio: o mercado de vigilância particular. Este ano, em que a criminalidade extrapola índices anteriormente registrados, com recorde de roubos, empresas da área estimam que a procura por segurança privada aumentou até 50% em relação a todo 2016. A maior demanda para o serviço residencial, segundo as firmas, está na Região Oceânica (Itaipu e Avenida Central), em São Francisco e em Pendotiba; lugares que já concentram o maior volume de clientes antigos. Quando se trata de vigilância para imóveis comerciais, o Centro é o bairro que mais contrata. De acordo com o Sindicato dos Vigilantes de Niterói e Região, existem aproximadamente dois mil profissionais nas ruas e em estabelecimentos comerciais da cidade, um efetivo 40% maior do que havia no ano passado.

 

 

Com sede no Centro, a VisionTag, especializada em monitoramento e alarme, anota um crescimento de 55% no número de clientes em relação a 2015. Na comparação com o ano passado, o aumento é de 15%. Os serviços mais procurados são os de alarmes, seguido pelas câmeras, diz Alexandre Torres, sócio-fundador da firma:

 

— A procura aumentou muito. O que freia mais contratações é a crise atual. Geralmente, quem contrata sofreu um episódio de violência ou chegou muito próximo disso.

Torres avalia que a Região Oceânica é a mais desprovida de segurança pública:

 

— O policiamento se concentra nas vias principais, mas há muita rua interna... É uma área grande.

 

Agora, o perigo é o ano todo

 

A Serravig, empresa localizada em Piratininga, teve aumento, este ano, de aproximadamente 30% na procura pelos serviços de alarme, monitoramento e rondas motorizadas. No período, o número de chamados para ocorrências com clientes também cresceu em torno de 30% em relação a 2016. O dado confirma o fenômeno observado este ano por Gustavo Dagfal, diretor da empresa. Historicamente, o período com maior incidência de casos de violência, diz ele, é o que inclui férias escolares, Natal, ano novo e carnaval. São épocas, afirma, em que aumenta o número de visitantes na cidade, mas, ao mesmo tempo, cresce a quantidade de casas vazias, pois há muita gente viajando.

 

— Agora, a gente tem ficado o ano inteiro com a mesma margem de ocorrências — diz.

E equipar a propriedade com esses sistemas realmente aumenta a segurança? Em tese, sim, sustentam as empresas.

 

— Se bandido gostasse de ter trabalho, não estaria roubando — diz Torres. — Se há mais chances de não dar certo, o ladrão vai procurar um lugar mais vulnerável.

 

Todavia, casos recentes mostram criminosos aparentemente indiferentes a esses sistemas. Câmeras, alarmes, placas de monitoramento 24 horas, cabine de vigia na porta... Todos esses equipamentos não impediram que uma farmácia, inaugurada há oito meses na Avenida Rui Barbosa, em São Francisco, fosse assaltada por três bandidos no último domingo. O roubo durou cerca de três minutos e foi todo filmado.

 

— (A cidade) Virou terra de ninguém. Coloca um relógio e anda um pouco aí por dentro das ruas que você vai perder também — aposta um funcionário da farmácia.

Assim como a esquina da farmácia, boa parte das ruas de São Francisco conta com cabines de vigilância. O serviço é pago pelos moradores, e os vigias não são, necessariamente, profissionais, o que reduz os custos.

 

— A insegurança no estado faz com que as pessoas busquem a vigilância privada. Ao mesmo tempo, preocupa-nos a questão do aumento na contratação de vigias clandestinos e do próprio sistema de monitoramento. O vigilante profissional é formado, tem registro na Polícia Federal. Já o clandestino você não sabe quem é — alerta Cláudio José de Oliveira, presidente do Sindicato do Vigilantes de Niterói e Região.

 

Nem os vigilantes, entretanto, intimidam os bandidos. Na última quarta-feira, enquanto a equipe de reportagem estava no bairro, moradores relataram que poucas horas antes houve um assalto à mão armada ali. Terça-feira, dia 4, uma mulher teve o carro blindado roubado por homens armados com fuzil na porta do colégio GayLussac.

 

O colégio reforçou a segurança no seu entorno e está construindo uma área interna onde os pais vão poder esperar seus filhos com mais segurança. Outras escolas também estão atentas. Os vigias do Colégio La Salle Abel, em Icaraí, por exemplo, fazem rondas até dois ou três quarteirões de suas entradas principais.

 

Especializada em segurança patrimonial, a Brasvig viu a procura pelo serviço aumentar cerca de 50% este ano, mas, assim como os representantes de outras duas empresas, Bruno Moura, sócio da firma, relata que as dificuldades econômicas fazem a maior parte dos interessados desistir:

 

— A segurança privada tem um valor bem elevado. As pessoas não têm condições de pagar.

 

Dependendo do serviço, o preço é mesmo alto. Contratar um segurança patrimonial armado para proteger 24 horas um comércio ou uma residência, através de uma empresa especializada, custa aproximadamente R$ 15 mil mensais. Até por isso, esse tipo de serviço costuma ser visto apenas em centros comerciais, além de bancos e estabelecimentos com grande fluxo de caixa. Icaraí é um dos bairros onde vigias são vistos na porta das lojas. E embora se dediquem a comércios específicos, moradores dizem que a presença deles traz maior sensação de segurança. Para Jorge Gomes, atendente de um petshop, o perigo na região é maior nos fins de semana, justamente pela ausência dos seguranças particulares contratados por lojistas:

 

— O movimento cai muito, fica deserto, e gente mal-intencionada vem para cá se aproveitar disso. Sábado, no fim da tarde, e domingo, sempre tem algum caso de violência.


Fonte: O Globo

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