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PF conclui inquérito de golpe da Embraforte

19 Ago

“Trabalho dia e noite sem receber um real para pagar o empréstimo que fiz”, conta a empresária Ana Luiza Xavier Cunha Roque, 31, proprietária de uma casa lotérica na região da Pampulha, em Belo Horizonte. A dívida de R$ 117,5 mil foi adquirida por ela após um golpe milionário aplicado contra a Caixa Econômica Federal (CEF) e cerca de dez lotéricas da capital, em 2013. No centro das investigações da Polícia Federal (PF) está a transportadora de valores Embraforte, também suspeita de fraudar o Banco do Brasil de 2007 a 2013. A conclusão do inquérito sobre o caso é a chance que Ana Luiza e tantas vítimas têm de retomar a vida e o dinheiro roubados.

Depois de quase dois anos de apuração, a PF informou que o inquérito está concluído e agora a cargo do Ministério Público Federal (MPF). Nesta terça, o MPF declarou apenas que analisa o relatório final da polícia para dar seu parecer sobre o caso. Os dois órgãos não revelaram, no entanto, o resultado final das investigações nem se os proprietários da Embraforte foram indiciados, como ocorreu em relação ao suposto golpe aplicado contra o Banco do Brasil.

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) cobra da PF informações sobre o inquérito. Em resposta enviada pela Polícia Federal à Comissão de Direitos Humanos da ALMG, no início deste mês, o delegado Frederico Levindo Coelho informou que a investigação sobre suposto golpe contra a Caixa foi iniciado em 2013 e concluído no dia 2 de julho deste ano.

O relatório final foi enviado ao MPF para as providências cabíveis recentemente e, agora, pode tanto seguir para a Justiça com denúncia, como retornar para a PF com um pedido de mais investigações. “Prestei depoimento há um ano para a Polícia Federal e até agora, nada. Espero que haja uma solução rápida para que se faça Justiça”, disse Ana Luiza.

O golpe. A fraude aplicada contra a Caixa Econômica e contra as casas lotéricas gerou um rombo estimado de R$ 8,5 milhões. O esquema teria sido praticado no fim de 2013, quando a Embraforte era contratada por lotéricas para fazer o transporte de valores das unidades até a tesouraria da Caixa. No entanto, malotes cheios de dinheiro retirados de algumas lotéricas nunca teriam chegado ao destino final, segundo denúncias.

“O seguro não cobriu o rombo, e tive que pegar um empréstimo com a família para pagar a Caixa. Até hoje espero que o caso seja solucionado”, concluiu.

Mais investigações contra a empresa

Polícia Civil. A corporação concluiu, em junho, inquérito sobre suposto golpe aplicado pela Embraforte contra o Banco do Brasil. O delegado Cláudio Utsch indiciou os três donos e o gerente da empresa por estelionato, associação criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica, crime continuado e crime contra o patrimônio financeiro nacional (veja mais abaixo).

Poder. Utsch concluiu ainda que a fraude se deu à sombra do prestígio da irmã e tia dos donos da Embraforte, secretária de Estado de Planejamento entre os anos de 2006 e 2014, Renata Vilhena. Segundo ele, a influência interferiu até no trabalho da Polícia Civil, que teria protegido os empresários.

Ministério Público. O inquérito está no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Na esfera cível, foi aberta uma investigação para apurar uma possível ingerência de Renata Vilhena. Segundo o MPMG, a promotora Elisabeth dos Reis já fez diligências. No âmbito criminal, a notícia é de que a promotoria pediu dados do Banco do Brasil à Justiça.

Resposta

Vítima. A Caixa Econômica Federal alega para a polícia que foi alvo de apropriação indébita e estelionato. A reportagem tentou contato nesta terça com o banco, mas não obteve retorno.

“Mais dinheiro sumiu do caixa”

A empresária Ana Luiza Xavier Cunha Roque, 31, contou que as contas já não vinham fechando antes mesmo de ser constatado o golpe de R$ 117,5 mil, em 2013. Segundo ela, quantias menores, em torno de R$ 2.000, já tinham sumido do montante diário de dinheiro que deveria chegar à Caixa Econômica Federal (CEF). No entanto, a desconfiança inicial foi de erro interno na hora de fechamento do caixa ou desvio por parte de algum funcionário.

“Como tudo ocorreu na mesma época, fica a dúvida se já estávamos sendo lesados”, afirmou Ana Luiza. O Sindicato dos Lotéricos de Minas Gerais (Sincoemg) explicou que as casas lotéricas escolhem qual transportadora de valores vão contratar para prestar o serviço. Diariamente, malotes com o dinheiro arrecadado nas lotéricas precisam ser enviados para uma tesouraria da Caixa Econômica.

“A Caixa dá um valor subsidiando o transporte, e cada uma fecha com quem quer. A Embraforte deu um preço interessante na época e pegou muitos contratos em lotéricas”, declarou o vice-presidente do sindicato, Frederico Barbosa.

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