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Vigilante de carro-forte da Brinks da Colômbia comete suicídio

29 Ago

 Vigilante de carro-forte da Brinks da Colômbia comete suicídio

A exaustiva jornada de trabalho a que são submetidos os vigilantes de carro-forte em todo o mundo fez mais uma vítima, desta vez em Bucaramanga, na Colômbia. Gustavo Becerra Leyton, empregado da Brinks, era também sindicalista cometeu suicídio nesta quinta-feira (29), no interior do veículo em que trabalhava. Gustavo era presidente do Comitê Sindical da cidade de Bucaramanga e havia pedido há pouco tempo para que a empresa concedesse uma carga horária digna para que, assim, pudesse resolver alguns problemas familiares e tratar de sua saúde, que estava debilitada.

                Sem a menor preocupação com as condições de trabalho, com a saúde física e mental de seus empregados, a Brinks, encabeçada por Olga Patricia Duarte Lozano, Edgar Aldana e Jaime Bustamante, negou o pedido. A irresponsabilidade da empresa resultou em morte.

                Segundo o presidente do sindicato que representa os trabalhadores da Brinks na Colômbia (Sintrabrinks), John Gomez, já são mais de três vidas perdidas em decorrência da jornada exaustiva, do assédio moral e do constante desrespeito aos direitos dos trabalhadores. Em nota, Gomez afirma que “há falta de compromisso e respeito pelos nossos direitos, porque o Ministério do Trabalho em Bucaramanga também sabia deste pedido [feito por Gustavo]”.

                “Não tenho palavras para expressar a dor que esta perda causou. Estou enlutado e ofereço meus mais sinceros pêsames em nome dos conselhos de administração do Sintrabrinks e de todos os filiados”, conclui Gomez.

 

Multinacionais abusam e exploram seus empregados

               

                O suicídio de Gustavo não é um caso isolado. Vigilantes de todos os setores e em quase todo o mundo sofrem com as pressões a que são submetidos diariamente. No Brasil, somente em 2014, companheiros que trabalhavam em agências bancárias, agências dos Correios e hospitais tiveram momentos de surto e tiraram a própria vida. O que havia em comum entre eles: O estresse e a pressão inerentes à profissão.

Além dos riscos de assaltos comuns a todos os vigilantes, aqueles que realizam transporte de valores e escolta armada sofrem também com a jornada excessiva, muitas vezes tendo que realizar viagens em tempos recordes mesmo com esgotamento físico. Isto coloca em risco a vida dos trabalhadores e dos demais motoristas.

Vigilantes vem, a todo o momento, clamar por diminuição na jornada de trabalho. Problemas físicos e psíquicos afetam cada vez mais trabalhadores do setor da segurança privada e as empresas fecham os olhos para as necessidades daqueles que são os verdadeiros responsáveis pelos lucros imensos que registram ano após ano.

Para mudar a triste realidade que vivenciam atualmente, trabalhadores do Rio Grande do Norte, do Espírito Santo e, agora, da Paraíba, apoiados pelos sindicatos de vigilantes locais e pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), intensificaram as lutas por condições de trabalho dignas. As empresas se viram obrigadas a aumentar as equipes e a quantidade de veículos, diminuindo a sobrecarga de trabalho.

 

A solução é respeitar o limite da jornada de trabalho

A legislação brasileira prevê jornada diária de trabalho de oito horas. Apesar disso, empresas de transporte de valores comumente desrespeitam a lei e impõem períodos muito mais longos e ininterruptos. Para o presidente da CNTV, José Boaventura, o respeito a este item específico é fundamental para dar início às mudanças tão cobradas pela categoria.

“A contratação de trabalhadores é fundamental e é resultado direto da política de mais respeito à jornada de trabalho. É esta jornada extendida que provoca, além de todos os problemas físicos e também familiares, maior exposição ao risco”, explicou Boaventura. “Além disso, envolve fatores essenciais a qualquer ser humano, como o respeito e a dignidade dos indivíduos”, completou.

A ampliação de vagas é possível, pois o mercado movimenta bilhões a cada ano. A constatação é do próprio patronato. No IV Estudo do Setor da Segurança Privada, realizado pela Federação Nacional de Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), estimou-se que, em 2013, “as 2.392 Empresas de Segurança e Transporte de Valores movimentaram no Brasil cerca de R$ 43,5 bilhões, empregando formalmente entre 685 e 706 mil trabalhadores, entre eles, de 625 a 645 mil vigilantes”.

Box:

Em 2013, vigilantes de carro-forte da Brinks e Prosegur do Espírito Santo permaneceram em greve por 66 dias. O principal motivador da paralisação foi exatamente a jornada exaustiva e o tratamento desumano que era dispensado aos trabalhadores. Foi com a mobilização destes trabalhadores que foi garantida a redução de jornada de trabalho e o aumento do número de carros-fortes.

Sindicatos do Rio Grande do Norte e da Paraíba seguiram a mesma linha, deixando claro que a jornada de trabalho no segmento de transporte de valores tem sido o problema central nos embates políticos dos trabalhadores.

“Os trabalhadores sofrem com a pressão no trabalho e, além de todo o desgaste físico, ainda passam a enfrentar problemas de convivência com cônjuge e filhos, decorrente da jornada excessiva que, obrigatoriamente, faz com que o vigilante passe pouco tempo em convívio familiar”, afirmou Boaventura.

“A CNTV e os vigilantes do Brasil lamentam a morte do companheiro Gustavo e reafirmam o compromisso com a categoria em todo o mundo. Certamente vamos repercutir este caso e denunciar, pois também é um problema local”, concluiu.

Fonte: CNTV

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