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Presidentes e Corregedores dos TRTs se manifestam contrários ao PL 4330 da Terceirização

13 Set

O Coleprecor, entidade da sociedade civil que reúne os presidentes e corregedores dos 24 TRTs, apoia, na íntegra, documento assinado por 19 dos 27 ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST) no qual manifestam-se contrários ao Projeto de Lei 4330/2004. De autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), a proposta legislativa regulamenta, de forma ampla e irrestrita, a terceirização no país e precariza as relações de trabalho.

A exemplo da manifestação dos ministros, os presidentes e corregedores de todos os TRTs aprovaram o envio de ofício ao deputado Décio Lima (PT-SC), presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara, onde o PL tramita atualmente. No documento, destacam os motivos pelos quais são contrários à aprovação do projeto de lei, tendo em vista a experiência acumulada em décadas de análise de milhares de processos relativos à terceirização trabalhista.

Manifestação semelhante foi encaminhada também ao deputado Henrique Eduardo Alves, Presidente da Câmara Federal. A previsão é que a matéria será tratada pelo Plenário da Casa na próxima quarta-feira (18).

Confira o documento subscrito pelo Coleprecor:

A sociedade civil, por meio de suas instituições, e os órgãos e instituições do Estado, especializados no exame das questões e matérias trabalhistas, foram chamados a opinar sobre o Projeto de Lei nº 4.330/2004, que trata da terceirização no Direito brasileiro. 

Em vista desse chamamento, a exemplo da maioria dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, todos os Presidentes e a maioria dos Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho, abaixo relacionados, com a experiência de várias décadas na análise de milhares de processos relativos à terceirização trabalhista, vêm, respeitosamente, apresentar suas ponderações acerca do referido Projeto de Lei:

I. O PL autoriza a generalização plena e irrefreável da terceirização na economia e na sociedade brasileiras, no âmbito privado e no âmbito público, podendo atingir quaisquer segmentos econômicos ou profissionais, quaisquer atividades ou funções, desde que a empresa terceirizada seja especializada.

II. O PL negligencia e abandona os limites à terceirização já sedimentados no Direito brasileiro, que consagra a terceirização em quatro hipóteses:

1- Contratação de trabalhadores por empresa de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.06.1974);

2- Contratação de serviços de vigilância (Lei n 7.102, de 20.06.1983;

3- Contratação de serviços de conservação e limpeza;

4- Contratação de serviços especializados ligados a atividades-meio do tomador, desde que inexista a personalidade e a subordinação direta;

III. A diretriz acolhida pelo PL nº 4.330-A/2004, ao permitir a generalização da terceirização para toda a economia e a sociedade, certamente provocará gravíssima lesão social de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários no País, com a potencialidade de provocar a migração massiva de milhões de trabalhadores hoje enquadrados como efetivos das empresas e instituições tomadoras de serviços em direção a um novo enquadramento, como trabalhadores terceirizados, deflagrando impressionante redução de valores, direitos e garantias trabalhistas e sociais.

Neste sentido, o Projeto de Lei esvazia o conceito constitucional e legal de categoria, permitindo transformar a grande maioria de trabalhadores simplesmente em ´prestadores de serviços e não mais “bancários”, “metalúrgicos”, “comerciários”, etc.

Como se sabe que os direitos e garantias dos trabalhadores terceirizados são manifestamente inferiores aos dos empregados efetivos, principalmente pelos níveis de remuneração e contratação significativamente mais modestos, o resultado será o profundo e rápido rebaixamento do valor social do trabalho na vida econômica e social brasileira, envolvendo potencialmente milhões de pessoas.

IV. O rebaixamento dramático da remuneração contratual de milhões de concidadãos, além de comprometer o bem estar individual e social de seres humanos e famílias brasileiras, afetará fortemente, de maneira negativa, o mercado interno de trabalho e de consumo, comprometendo um dos principais elementos de destaque no desenvolvimento do País. Com o decréscimo significativo da renda do trabalho ficará comprometida a pujança do mercado interno no Brasil.

V. Essa redução geral e grave da renda do trabalhador brasileiro – injustificável, a todos os títulos – irá provocar também, obviamente, severo problema fiscal para o Estado, ao diminuir, de modo substantivo, a arrecadação previdenciária e tributária no Brasil.

A repercussão fiscal negativa será acentuada pelo fato de o PL provocar o esvaziamento, via terceirização potencializada, das grandes empresas brasileiras, que irão transferir seus antigos empregados para milhares de pequenas e médias empresas – todas especializadas, naturalmente -, que serão as agentes do novo processo de terceirização generalizado.

Esvaziadas de trabalhadores as grandes empresas – responsáveis por parte relevante da arrecadação tributária no Brasil -, o déficit fiscal tornar-se-á também incontrolável e dramático, já que se sabe que as micro, pequenas e médias empresas possuem muito mais proteções e incentivos fiscais do que as grandes empresas. A perda fiscal do Estado brasileiro será, consequentemente, por mais uma razão, também impressionante. Dessa maneira, a política trabalhista extremada proposta pelo PL 4.330-A/2004, aprofundando, generalizando e descontrolando a terceirização no País, não apenas reduzirá acentuadamente a renda de dezenas de milhões de trabalhadores brasileiros, como também reduzirá, de maneira inapelável, a arrecadação previdenciária e fiscal da União no País.

VI. A generalização e o aprofundamento da terceirização trabalhista, estimulados pelo Projeto de Lei, provocarão também sobrecarga adicional e significativa ao Sistema Único de Saúde (SUS), já fortemente sobrecarregado. É que os trabalhadores terceirizados são vítimas de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais/profissionais em proporção muito superior aos empregados efetivos das empresas tomadoras de serviços. Com a explosão da terceirização – caso aprovado o PL nº 4.330-A/2004 -, automaticamente irão se multiplicar as demandas perante o SUS e o INSS.

São essas as ponderações que apresentamos a Vossa Excelência a respeito do Projeto de Lei nº 4.330-A/2004, que trata da terceirização

Respeitosamente,

DESEMBARGADORES PRESIDENTES

Carlos Alberto Araujo Drummond    1ª Região (RJ)
Maria Doralice Novaes    2ª Região ( SP)
Deoclecia Amorelli Dias    3ª Região (MG)
Maria Helena Mallmann    4ª Região (RS)
Vânia Jacira Tanajura Chaves    5ª Região (BA)
Ivanildo da Cunha Andrade    6ª Região (PE
Maria Roseli Mendes Alencar    7ª Região (CE)
Odete de Almeida Alves    8ª Região (PA/AP)
Rosemarie Diedrichs Pimpão    9ª Região (PR)
Elaine Machado Vasconcelos    10ª Região (DF/TO)
David Alves de Mello Júnior    11ª Região (AM/RR)
Gisele Pereira Alexandrino    12ª Região (SC)
Carlos Coelho de Miranda Freire    13ª Região (PB)
Ilson Alves Pequeno Junior    14ª Região (RO/AC)
Flavio Allegretti de Campos Cooper    15ª Região (Campinas)
Ilka Esdra Silva Araújo    16ª Região (MA)
Marcello Maciel Mancilha     17ª Região (ES)
Elza Cândida da Silveira    18ª Região (GO)
Severino Rodrigues dos Santos    19ª Região (AL)
Rita de Cássia Pinheiro de Oliveira    20ª Região (SE)
José Rêgo Júnior     21ª Região (RN)
Francisco Meton M’arques de Lima    22ª Região (PI)
Tarcísio Régis Valente    23ª Região (MT)
Francisco das Chagas Lima Filho    24ª Região (MS)

DESEMBARGADORES CORREGEDORES
Ana Maria Soares de Moraes    1ª Região (RJ)
Anélia Li Chum    2ª Região (SP)
Cleusa Regina Halfen    4ª Região (RS)
Valtércio Ronaldo de Oliveira    5ª Região (BA)
Virgínia Malta Canavarro    6ª Região (PE)
Dirceu Buyz Pinto Junior    9ª Região (PR)
Elaine Machado Vasconcelos    10ª Região (DF/TO)
Carlos Coelho de Miranda Freire    13ª Região (PB)
Ilson Alves Pequeno Junior    14ª Região (RO/AC)
Eduardo Benedito de Oliveira Zanella    15ª Região (Campinas)
Marcello Maciel Mancilha     17ª Região (ES)
Rita de Cássia Pinheiro de Oliveira    20ª Região (SE)
José Rêgo Júnior     21ª Região (RN)
Tarcísio Régis Valente    23ª Região (MT)
Francisco das Chagas Lima Filho    24ª Região (MS)

Fonte: CUT

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