Cancelar
Acesso CNTV

Professora do Pará que chamou vigilante de macaco pede desculpas

18 Set

A professora universitária Daniela Clodorvil, que na última sexta-feira (14) teria chamado um vigilante e um aluno da Universidade do Estado do Pará (Uepa) de "macaco", pediu desculpas ao segurança nesta segunda-feira (17) em entrevista exclusiva à TV Liberal, afiliada da Rede Globo no Pará. A docente dá aulas de religiões africanas na instituição.

"Reconheço que errei com ele. Me excedi. Não poderia ter discutido com ele, como professora e como profissional. Ele não era responsável pela situação", afirma Daniela. Perguntada se ela se arrepende do que disse, ela diz que "Me arrependo e por isso estou aqui pedindo desculpas para ele nesta entrevista", argumenta.

Ela assegura que a palavra "macaco" não tinha nenhuma relação com o fato do vigilante ser negro. "Macaco era justamente de macaquice, de palhaçada, do que estava sendo feito na universidade. Não tem relação com o fato dele ser negro. Estudo há 15 anos a questão racial e não tenho preconceito e nem teria como ter preconceito contra a raça de ninguém", conta Daniela Clodorvil.

A repórter da TV Liberal ainda questiona se a professora acredita que merece ser punida pelo crime de injúria racial. "Acho que não mereço punição. Estou pedindo desculpas! Acho que quando se discute com alguém, se pede desculpas. A justiça tem de avaliar se é crime de injúria mesmo quando a pessoas volta a trás e pede desculpas. Não acho que alguém merece ir para a cadeia porque se %%destemperou%%, se tem tanta gente agindo contra terreiros de matriz africana, depredando e, sim, cometendo crime de racismo", defende.

Também á TV Liberal, o vigilante Rubens dos Santos, que trabalha há três anos na Uepa, em Belém, disse que está abalado com o caso. "Ela veio por dentro da universidade e chegou até a mim. Me xingou, me chamou de %%macaco%%, idiota, disse que eu estava vestido de palhaço", conta o vigilante. “Psicologicamente eu estou muito afetado. Não consegui dormir. Há dois dias que eu só penso nisso, nunca tinha passado por isso", afirma .

Instituições criticam fala de professora
Ao longo do dia, cartazes cobrando posicionamento da Universidade foram fixados pelo campus da Uepa, em Belém. Frases como "Chamar alguém de macaco não é injúria é sim racismo", foram usadas. "O código de conduta da universidade diz que ela pode ser suspensa e até expulsa. Queremos que a Uepa se posicione para a comunidade universitária sobre o caso", cobra Igor Pereira, do Diretório Central dos Estudantes (CDE/Uepa).

A ouvidoria da instituição afirma que o caso será investigado e um processo administrativo será aberto para apurar as denúncias. "Não concordamos com este tipo de discriminação ou outro tipo qualquer. Vamos apurar o fato e em breve dar uma resposta à sociedade", garante Lairson Cabral, ouvidor da universidade.

De acordo com a delegada da Divisão Especializada em Crimes Discriminatórios no Pará, Lucinda Antunes, injúria racial corresponde a 70% dos casos investigados no estado. "Trabalhamos para que esse tipo de crime diminua, mas, infelizmente, ainda há pessoas que tem falta de respeito por outras que são da cor negra", informa.

Já a Comissão em Defesa da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA) a situação é inadmissível. "Causa surpresa o fato de se tratar de uma professora e de matriz religiosa africana, que deveria ter a consciência e o dever de combater o racismo", questiona Jorge Farias presidente da comissão.

Entenda o caso
De acordo com os estudantes, na última sexta-feira (14) dois alunos foram impedidos de entrar por um dos portões da Universidade do Estado do Pará (Uepa) pelo vigilante que estava de plantão. Eles teriam chamado a professora que estava dentro do local, a qual começou a discutir com o segurança da universidade.

Segundo Rubens dos Santos, a professora o chamou de "macaco" e "idiota" e ele teria apenas ficado calado sem responder.

Ao presenciar a cena, alunos ligaram uma câmera de celular e desafiaram a docente à repetir as palavras ofensivas e registraram no momento em que a professora repete o insulto a um dos estudantes "Tu é um macaco também. Vai chamar de crime agora!", grita a professora a um dos universitários.

O caso foi parar na Seccional de São Brás e a professora e o vigilante prestaram depoimento. As investigações seguem sobre o crime de injúria racial.

0 comentários para "Professora do Pará que chamou vigilante de macaco pede desculpas"
Deixar um novo comentário

Um valor � necess�rio.

Um valor � necess�rio.

Um valor � necess�rio.Mínimo de 70 caracteres, por favor, nos explique melhor.