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Morte de líder indígena pode indiciar atuação de milícias no MS

22 Nov

A morte do líder indígena Nizio Gomes na localidade de Guaiviry entre Ponta Porã e Amambai expôs mais uma vez os problemas da questão fundiária no Mato Grosso do Sul e também a violência na região de fronteira do Brasil com o Paraguai.

Segundo relatos do filho da vítima, Valmir, eram mais de 40 os homens de uma milícia que invadiram o acampamento indígena, mataram o pai dele e mais duas ou três pessoas, entre elas uma criança.

Em julho do ano passado o programa Domingo Espetacular da Rede Record tinha mostrado como é fácil contratar pistoleiros para execuções na fronteira. Durante a matéria foram lembrados os atentados contra o ex-chefe de trânsito de Pedro Juan, Ramón Cantaluppi, contra o senador Robert Acevedo, e contra o jornalista Santiago Leguizamon, morto por traficantes em 1991.

A emissora ouviu matadores de aluguel que disseram cobrar “qualquer valor para matar alguém”, afinal, segundo eles, a “vida na fronteira não tem valor”. O mesmo assassino disse estar no ramo há dez anos e que conta com a conivência da polícia brasileira para encobrir seus crimes.

Venda de armas e drogas também foram apresentados como fatos banais e cotidianos de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.

Facilidade para se obter armas

As armas podem ser obtidas com facilidade na região de fronteira. Basta apresentar dinheiro e comprar em lojas especializadas do lado paraguaio. Porém, boa parte das armas não tem sequer registro, como mostrou reportagem de agosto desse ano do site G1.

Dados do Ministério da Justiça revelam que, no Brasil, são mais de 16 milhões de armas circulando, quase metade ilegal. "Você atravessa a rua e pode comprar uma arma ilegal. Já quem compra arma dentro do Brasil tem que ter registro, o porte, não ter antecedentes criminais e ter toda uma documentação necessária pra aquisição dessa arma", disse na época o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel André Luiz Saab.

Milícias no MS?

Outra reportagem, desta vez do jornal “O Globo”, de outubro desse ano, afirmou que há milícias armadas em Mato Grosso do Sul.

“As milícias estão organizadas na Paraíba, no Espírito Santo, no Ceará, em Mato Grosso do Sul, no Pará, em Pernambuco, em Alagoas, no Piauí, em Minas Gerais e em São Paulo, além da Bahia e do Rio. Os grupos agem com características diferentes em cada estado. O discurso para controlar as comunidades é parecido: eles extorquem dinheiro de moradores e comerciantes para oferecer segurança privada ilegal”, diz trecho da reportagem.

Se o Globo estiver certo, esta não seria a primeira vez que milicianos estariam agindo contra comunidades indígenas.

Dois professores foram mortos em Paranhos por suposto grupo armado e somente o corpo de um deles foi encontrado. Depois um ônibus que transportava estudantes foi atacado com coquetel Molotov em Miranda e uma indígena morreu.

A morte do líder indígena Marcos Veron foi atribuída à um grupo de pistoleiros e foi a única até o momento em que foram encontrados os culpados e condenados. Nos outros casos, ninguém foi ouvido, detido ou julgado.

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