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Quadrilha rouba arsenal de armas de empresa de segurança

05 Out

Ladrões invadem empresa de segurança no Butantã, levam cerca de 100 armas e deixam a polícia da capital em estado de alerta

Três homens armados invadiram a empresa de segurança International Security, no Butantã, Zona Oeste, ao meio-dia desta terça e roubaram um arsenal de 108 armas, 45 delas com alto poder de destruição. Um detalhe chamou a atenção das vítimas durante a ação: os assaltantes empunharam suas armas na "posição sul", técnica ensinada pelo Método Giraldi, treinamento de tiro da Polícia Militar de São Paulo desde 1998.

O método foi criado pela polícia paulista para evitar disparos acidentais. Para Guaracy Mingardi, ex-secretário nacional de segurança e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, um criminoso comum jamais agiria assim. "Um ladrão apontaria a arma para alguém o tempo todo. Isso indica a participação de policiais ou de uma pessoa com treinamento acima da média."

O especialista em segurança afirma que empresas de vigilância não costumam capacitar seus funcionários com o Método Giraldi e que, apesar de ser reconhecido em todo o mundo, nem todas as polícias aderiram a ele.

Para entrar na empresa, um dos assaltantes se identificou como policial federal e pediu para falar com Ramon, ex-chefe dos vigilantes, desligado da International em junho. Ele e mais dois ladrões renderam três funcionários e um cliente que preenchia uma ficha. As câmeras de segurança foram desligadas e os fios serviram para amarrar as vítimas.

AGRESSIVOS/ Todos foram agredidos com chutes e socos. "Sabiam do cofre e ameaçaram nos matar caso eu não desse a chave. Disseram que a ?fita? tinha sido dada por policiais da região", contou o administrador da empresa Paulo Paes, de 44 anos. Foi ele que forneceu a chave do cofre para a quadrilha.

Enquanto colocavam as armas nas mochilas, um dos criminosos deu uma coronhada em Paes e disse que ele não pagava direito seus empregados. A International foi denunciada por mau pagamento pelo sindicato da categoria em 2009 e, segundo o Tribunal de Justiça, sofre processos trabalhistas de ex-funcionários. "Ninguém vem com a cara e a coragem fazer um assalto como esse sem conhecer bem o lugar. Tenho certeza que alguém que trabalhou ou trabalha aqui colaborou", afirmou Paes.

O susposto cliente que estava no estabelecimento na hora do crime forneceu o RG à Polícia Militar, garantiu que iria até a delegacia e sumiu. O documento era falso e ele ainda não foi encontrado.

Além das armas, 12 coletes balísticos e mais de 3 mil munições foram roubados. As câmeras também foram levadas.

O Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) assumiu as investigações do caso. Para Nelson Guimarães, chefe do Deic, saber que 108 armas estão nas mãos do crime é uma preocupação para a polícia. "É muito perigoso e nós vamos correr atrás", garantiu o policial. Ninguém foi preso.

Empresa de segurança estava sem licença da Polícia Federal
A International Security Vigilância Ltda. estava irregular, segundo a Confederação Nacional dos Vigilantes e Prestadores de Serviço. A última licença da Polícia Federal tirada pela empresa venceu em julho do ano passado e não foi renovada em 2011.

No último documento que autorizava o funcionamento da empresa, 132 vigilantes trabalhavam no local. Segundo o administrador Paulo Paes, o número caiu para 12. A demissão em massa teria ocorrido no início do ano, mas a empresa ainda mantinha um alto número de armas.

A idoneidade da International Security é investigada. Na segunda-feira, um dia antes do roubo, a Justiça expediu um mandado de busca e apreensão para comprovar que, de fato, o endereço no Butantã abriga a empresa e não um estabelecimento fantasma.

Paulo Paes garantiu que a International está regularizada e trabalha dentro das normas previstas pela legislação federal. A International é especializada em escoltar cargas em rodovias.

A Polícia Federal informou que vai colaborar com as investigações da Polícia Civil e disponibilizará todas as informações de que dispõe sobre a empresa. A PF permite que as empresas de segurança privada trabalhem com os calibres das armas roubadas.

Serviço precisa de autorização da PF
Empresas de segurança privada e escolta armada precisam de autorização da Polícia Federal para funcionar. Para conseguir a licença, precisam seguir a legislação. O documento deve ser renovado anualmente. A fiscalização também é feita todo ano. Irregularidades podem gerar advertências ou o fechamento da empresa.

Calibre depende do trabalho realizado
A PF autoriza os calibres das armas conforme o serviço prestado pelo estabelecimento. A International estava autorizada a comprar revólveres calibre 38, espingardas de uso permitido nos calibres 12, 16 ou 20, e pistolas calibre .380 e 7,65 mm.

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