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Universidades abrem mão da PM, mas se protegem com vigilantes

31 Mai


Após o estudante Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, morrer com um tiro na cabeça na Universidade de São Paulo (USP), o Conselho Gestor da instituição aprovou o patrulhamento ostensivo da Polícia Militar dentro do campus.

Até então, a segurança dos 4,7 milhões de metros quadrados do local era feita por 114 agentes da guarda universitária, e a PM só entrava caso houvesse alguma ocorrência ou fosse chamada. O modelo que utiliza agentes contratados ou terceirizados, agora em debate, é similar ao da maioria das universidades públicas brasileiras que, apesar de sentirem necessidade de se proteger, abrem mão presença da polícia.

No Rio Grande do Sul, mesmo após uma tentativa de roubo em 2003 ter resultado na morte de um vigilante que reagiu ao assalto na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), as duas principais federais do Estado não contam com a PM. De lá para cá, não foram registrados crimes contra a vida de estudantes, funcionários e professores na UFRGS, mas um homem foi morto a tiros no terminal de ônibus que fica na entrada do campus em dezembro do ano passado.

Segundo Daniel Pereira, que coordena há oito anos a segurança nos quatro campi da instituição em Porto Alegre, vigilantes concursados pela universidade e por uma empresa privada de segurança contratada por meio de licitação, além de sistemas de monitoramento, fazem o trabalho. A PM realiza apenas rondas no Campus do Vale, que é maior, fica numa região afastada da cidade e por ele passam linhas de ônibus. "Por uma questão de competências, não temos Polícia Militar na universidade, o que há é um bom relacionamento com as forças de segurança do Estado", explica Pereira.

Neste ano, foram registradas apenas furtos de bicicleta no sistema pelo qual os alunos podem relatar ocorrências dentro da universidade. Em 2009, um homem armado disparou dois tiros no interior da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, mas não houve feridos. A reclamação maior dos estudantes, que já realizaram protestos por segurança, é quanto a roubos e furtos nas ruas próximas aos campi da UFRGS na região central de Porto Alegre.

Ao contrário da UFRGS, que tem unidades espalhadas na capital, o campus da Universidade Federal de Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, é quase todo concentrado em uma área afastada da cidade. A universidade já registrou casos de violência, principalmente à noite, já que o campus fica praticamente na área rural do município. Cerca de 150 seguranças, entre concursados e funcionários de duas empresas terceirizadas, fazem a vigilância com o auxílio de duas viaturas e câmeras de vigilância.

A entrada de veículos, liberada durante o dia, tem mais controle à noite e nos finais de semana. O pró-reitor de infraestrutura da instituição, Valdir Brondani, diz que as ocorrências de furto diminuíram após a ampliação do número de salas monitoradas por câmeras.

Na USP, antes mesmo da polêmica gerada pelo crime, o aumento do número de furtos de veículos fez com que a instituição requisitasse um reforço no monitoramento do campus Butantã desde o último dia 25 de abril. Quatro viaturas e duas motos patrulham e fazem bloqueios em diversos pontos do campus, segundo o 16º Batalhão da Polícia Militar, o mais próximo a USP.

Agora, um protocolo de atuação para a PM na universidade está sendo fechado e a presença passará a ser definitiva. A Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade terá até agosto um plano próprio de segurança. Segundo o diretor da unidade, Reinaldo Guerreiro, 150 câmeras de vigilância foram instaladas em corredores e salas de aula – quase o dobro das câmeras do serviço de vigilância da USP, 85.

De acordo com o diretor de segurança da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Armando Nascimento, um mês antes do crime, ele havia estado na USP para repassar as experiências e ações de combate a crimes no campus pernambucano.

"Se houvesse um controle maior na entrada do campus da USP, sem dúvida as chances do crime acontecer seriam bem menores", disse Nascimento.

Levantamentos internos mostram que quando a segurança deixou de ser armada na UFPE - o que ocorreu na última quinzena de 2005 - os números de criminalidade aumentaram significativamente. Em 2005 foram registrados apenas quatro roubos - sendo três dentro do campus e um nos arredores. Em 2006 foram 92 - 25 dentro do campus e 67 nos arredores.

Observando os crimes - geralmente roubos de telefones celular - foi concluído que 80% era realizado por usuários de motos e bicicletas. Em 2007, então, foram instaladas catracas nas entradas do campus, e a entrada de bicicletas e motos só poderiam acontecer pelas guaritas de segurança, que também controlam a entrada de veículos.

Apesar de trabalhar de forma integrada com a PM, a segurança do campus 149 hectares é feita por 320 servidores e há ainda um reforço de uma empresa de segurança privada, com 20 homens armados. Seis veículos e 32 câmeras são utilizados. Já está em processo de licitação outro aparato que utilizará mais 26 câmeras - destas, 12 serão instaladas nos arredores da universidade.

"Não podemos vetar a entrada de pessoas na universidade, pois é um órgão público, mas podemos controlar quem entra", afirma Nascimento.

Para estudantes da UFPE, no entanto, as ações são insuficientes para combater os crimes e a comunidade acadêmica se sente insegura no campus.

"Nem penso em caminhar nas pistas de cooper durante a noite, pois a iluminação aqui não é boa", afirmou a dona de casa Ana Maria.



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