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A impressão que eu tenho do Brasil - a partir do dia 28 de outubro, com a eleição de um presidente fascista - é que estamos vivendo um filme de terror. A cada momento surge um capítulo mais estarrecedor. O anúncio do fim do Ministério do Trabalho indica que o trabalhador será retalhado juntamente com seus direitos. Tendo sobrevivido 88 anos a todas as ditaduras, do Estado Novo ao regime militar de 1964 a 1982, foi dirigido por grandes homens como Almino Afonso, Franco Montoro, João Goulart, Almir Pazzianotto, Jacques Wagner, Ricardo Berzoini, entre tantos outros. Além de manter o ministério, o governo militar de 1964 colocou na pasta um homem de diálogo, o coronel Jarbas Passarinho, mais tarde senador, com quem debati muitas vezes e sempre me tratou com civilidade. Durante o governo Sarney, nós da CUT fomos convocados para reunião com os ministros do Trabalho, Almir Pazzianotto e do Planejamento, Dilson Funaro. Pelo ineditismo do fato haviam ali dezenas de jornalistas e fotógrafos. Funaro se dirigiu ao presidente da CUT, Jair Meneguelli, e disse que a reunião não havia sido convocada para discutir nenhum assunto específico mas sim para dizer que o governo queria garantir a abertura e a manutenção do diálogo com os sindicatos de trabalhadores. Pazzianotto deixou claro que essa era uma determinação do presidente da República por acreditar que para o país ter paz e tranquilidade era necessário que os trabalhadores e o governo tivessem um canal de comunicação funcionando. Naquele momento ficamos surpresos positivamente, bem ao contrário de hoje. Sabemos que fechar o MT beneficiará os maus empresários, porque os bons encontram no ministério um excelente fórum de debates. Fechar o MT significa podar a participação dos trabalhadores e empresários de bem sobre os investimentos feitos com o fundo do FGTS hoje decididos pelo seu Conselho Curador. É óbvio também que vão destruir a comissão que investiga o trabalho escravo no Brasil, criada no governo FHC e fortalecida nos governos do PT, com o intuito de apagar investigações contra maus empresários e maus proprietários de terra e tirarem na marra o Brasil do mapa do trabalho escravo. Isso vai dificultar ainda mais a comercialização de produtos brasileiros lá fora porque cada dia mais os compradores querem garantias de que os produtos não são produzidos com trabalho escravo. Resumo da ópera: este governo de oportunistas, dirigidos por um banqueiro tresloucado - que quer entregar o Banco do Brasil ao Bank of America - pretende acabar com tudo que cheire ao mínimo de direito dos trabalhadores. Mas nós resistiremos. O povo brasileiro e as centrais sindicais devem se unir neste momento, e se manifestar nas ruas na defesa deste que é o mais importante ministério da Esplanada. O MT representa o trabalho, os trabalhadores e todos aqueles empresários de bem que não são escravocratas, que respeitam as leis trabalhistas e a Constituição e que estão preocupados com o crescimento do país. Fonte: Chico Vigilante |