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Os ataques a bancos alcançaram 1.484 ocorrências em todo país no primeiro semestre de 2013, uma média assustadora de 8,24 por dia, o que representa um crescimento de 17,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Desses casos, 431 foram assaltos (inclusive com sequestro de bancários e vigilantes), consumados ou não, e 1.053 arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos. No primeiro semestre de 2012, foram registrados 1.261 ataques, sendo 377 assaltos e 884 arrombamentos. Clique aqui para acessar a íntegra da pesquisa nacional. Os dados são da 5ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), com apoio técnico do Dieese, a partir de notícias da imprensa, estatísticas de Secretarias de Segurança Pública (SSP) e informações de sindicatos e federações de vigilantes e bancários. O levantamento foi coordenado pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, com o apoio do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, da Federação dos Vigilantes do Paraná e da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT/PR). O número de casos certamente foi ainda maior devido à dificuldade de levantar informações em alguns estados e pelo fato de que muitas ocorrências não são divulgadas pela imprensa. A pesquisa foi lançada nesta quinta-feira (22), durante entrevista coletiva, em São Paulo. Os números também superam os dados do segundo semestre de 2012, quando foram verificados 1.269 ataques, dos quais 390 assaltos e 879 arrombamentos. São Paulo é o estado que mais uma vez lidera o ranking, com 334 ataques. Em segundo lugar aparece de novo Minas Gerais, com 170, em terceiro o Paraná, com 118, em quarto a Bahia, com 117, e em quinto a Paraíba, com 95. A região Sudeste segue com o maior número de ataques (550), seguida do Nordeste (524), Sul (258), Centro-Oeste (123) e Norte (29). Bancários e vigilantes cobram providências do ministro da Justiça A CNTV e a Contraf-CUT encaminharam cópia da pesquisa para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, solicitando uma audiência para discutir os ataques a bancos e as medidas para proteger a vida das pessoas. Também foi enviada a pesquisa nacional de mortes em assaltos envolvendo bancos, lançada pelas duas entidades sindicais em julho, apontando a ocorrência de 30 assassinatos em todo país no 1º semestre deste ano. “Vamos cobrar providências do ministro para combater as mortes e os ataques a bancos, que ocorrem por descaso dos bancos, uma vez de que eles preferem fazer a gestão do lucro em detrimento da proteção da vida de trabalhadores e clientes”, afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. “Vamos exigir também a responsabilização civil e criminal dos executivos dos bancos e das empresas de segurança que são responsáveis pela insegurança nas agências e postos de atendimento, pois essa situação de morte e assaltos não ser banalizada, mas precisa ser enfrentada com ações concretas que coloquem a vida das pessoas em primeiro lugar”, reforça o presidente da CNTV, José Boaventura Santos. Bancos não priorizam a segurança de trabalhadores e clientes "Essa pesquisa é fruto de mais uma parceria das entidades sindicais dos vigilantes e bancários, a fim de oferecer dados concretos sobre a violência nos bancos, que tanto assusta os trabalhadores e a população, e buscar soluções para proteger a vida das pessoas”, salienta Boaventura “Esses dados são muito importantes para o debate com os bancos, as empresas de segurança e a sociedade, bem como para a construção com avanços do projeto de lei de estatuto de segurança privada, que se encontra em elaboração no Ministério da Justiça, para atualizar a lei federal nº 7.102/83", destaca. "Trata-se de mais um retrato muito preocupante da insegurança nos bancos, o que reforça a necessidade de medidas preventivas contra assaltos e sequestros, pois esses ataques deixaram um rastro de mortes, feridos e traumatizados”, aponta Carlos Cordeiro. “Esperamos que esses dados mostrem aos bancos a importância de apresentar propostas de segurança na mesa de negociações da Campanha Nacional dos Bancários, pois até agora eles só rejeitaram as reivindicações da categoria”, completa o dirigente da Contraf-CUT. “O aumento de ataques a bancos, principalmente arrombamentos, no primeiro semestre deste ano tem a ver com a onda de explosões de caixas eletrônicos, muitos instalados em locais inseguros e desprovidos de equipamentos de segurança”, explica o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba, João Soares. “O Exército precisa melhorar a fiscalização e o controle de transporte, armazenagem e comércio de dinamite”, defende. “Os bancos não podem continuar tratando os arrombamentos como problema de segurança pública, uma vez que acontecem por causa das instalações vulneráveis de seus estabelecimentos e provocam uma sensação de medo e insegurança em trabalhadores e clientes”, alerta o diretor da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.
Escassez de investimentos dos bancos
"Essa dado revela tecnicamente o truque da segurança. Os bancos dizem que estão preocupados com a segurança e até com a proteção da vida das pessoas, mas gastam muito pouco diante de seus lucros gigantescos", salienta o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Otávio Dias. "Está na hora de os bancos deixarem de olhar as despesas de segurança e vigilância como custos, mas sim como investimentos. A proteção da vida das pessoas não pode ficar no discurso, mas precisa ser concretizada com ações efetivas, pois é o patrimônio mais valioso que existe na face da terra", ressalta Boaventura.
Número de assaltos é 2,6 vezes maior que estatística da Febraban O número de assaltos da pesquisa é 2,6 vezes maior que a estatística nacional de assaltos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Enquanto a pesquisa da CNTV e Contraf-CUT aponta 431 ocorrências no primeiro semestre deste ano, a Febraban apurou 163 no mesmo período, uma diferença de 268 casos. “A Febraban deveria refazer as contas, pois é uma enorme diferença. Pode ser que existam agências e postos que não providenciaram a emissão do Boletim de Ocorrência na polícia, apesar da obrigatoriedade prevista na cláusula 31ª da convenção coletiva dos bancários”, alerta o presidente da Fetec-CUT/PR, Elias Jordão. “Nós reivindicamos novamente nesta Campanha Nacional que uma cópia do BO seja enviada para a Cipa, o sindicato local e a Contraf-CUT”, defende, a fim de acompanhar o registro dos ataques.” "Lamentamos que a Febraban não divulgue estatística dos arrombamentos. Esses crimes revelam que as instalações dos estabelecimentos são vulneráveis e geram medo e insegurança, sendo que várias vezes acabam em tiroteios e até mortes de policiais e transeuntes”, destaca Boaventura. 30 mortes em assaltos envolvendo bancos no 1º semestre Outro diagnóstico da violência nos bancos é a pesquisa nacional sobre mortes em assaltos envolvendo bancos, elaborada pela Contraf-CUT e CNTV a partir de notícias da imprensa, com apoio técnico do Dieese. No primeiro semestre de 2013, o levantamento apurou a ocorrência de 30 assassinatos, média de cinco vítimas fatais por mês,um aumento de 11,1% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 27 mortes. São Paulo (14), Rio (5), Bahia (3) e Rio Grande do Sul (3) foram os estados com o maior número de casos. A principal ocorrência (60%) foi novamente o crime de "saidinha de banco", que provocou 18 mortes. Já os clientes foram outra vez a maioria das vítimas (21), seguido dos vigilantes (4). Um gerente do Banco do Brasil foi morto no Piauí. "Entra ano, sai ano, e muitas pessoas continuam morrendo em assaltos envolvendo bancos, o que é inaceitável no setor mais lucrativo do país. Isso comprova o enorme descaso e a escassez de investimentos dos bancos na proteção da vida de trabalhadores e clientes. O que move os bancos não é a gestão da vida das pessoas, mas a gestão do lucro”, frisa Carlos Cordeiro. “Essas mortes revelam o descaso dos bancos e também a fragilidade da segurança pública diante da falta de mais policiais e viaturas nas ruas e de ações de inteligência para evitar ações criminosas", acrescenta Boaventura. “Os bancos cuidam mais da imagem, do marketing e da estética das unidades, enquanto tratam com descaso a segurança dos estabelecimentos”, critica.
Multas da Polícia Federal provam que bancos descumprem legislação
No primeiro semestre deste ano, os bancos foram multados em mais de R$ 8,8 milhões por descumprimento da lei federal 7.102/83 e de normas de segurança. As principais infrações dos bancos foram a ausência de plano de segurança aprovado pela PF, número insuficiente de vigilantes, alarme inoperante e utilização de bancários para transporte de valores, dentre outros itens. - Ampliação do número de vigilantes visando garantir o cumprimento integral da lei 7.102/83 e durante todo horário de funcionamento das agências e postos de atendimento; - Fim da guarda das chaves de cofres e das unidades por bancários e vigilantes, ficando as chaves na sede das empresas de segurança;
- Proibição do transporte de valores por bancários; operações de embarque e desembarque de carros fortes somente em locais exclusivos e seguros; e fim do manuseio e contagem de numerário por vigilantes no abastecimento de caixas eletrônicos;
- Escudos e assentos no interior das agências e postos de atendimento para os vigilantes; - isenção das tarifas de transferência de recursos (DOC, TED) para reduzir a circulação de dinheiro e combater o crime da “saidinha de banco”. |