Por: CNTV | Confedera��o Nacional de Vigilantes & Prestadores de Servi�os
Postado: 24/04/2013
IV Pesquisa Nacional de Ataques a Banco - Números de assaltos superam estatística da Febraban
IV Pesquisa Nacional de Ataques a Banco
 
Os números da pesquisa superam a estatística nacional da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que é restrita a assaltos, consumados ou não. Enquanto a pesquisa da CNTV e Contraf-CUT aponta 773 assaltos em 2012, a Febraban apurou 440 no mesmo período, uma diferença de 333 casos.

"A Febraban deveria refazer as contas, pois é uma diferença considerável. Pode ser que ainda existam agências e postos que não providenciam a emissão do Boletim de Ocorrência na polícia", afirma o presidente da Fetec-CUT/PR, Elias Jordão. "Nós reivindicamos na Campanha Nacional dos Bancários de 2012 que uma cópia do BO seja enviada para a Cipa, o sindicato local e a Contraf-CUT, mas os bancos não aceitaram".

"Lamentamos que a Febraban não faça estatística dos arrombamentos, pois, mesmo que ocorram geralmente sem a presença de bancários e clientes, revelam que as instalações dos estabelecimentos são vulneráveis e geram insegurança, sendo que várias vezes acabam em tiroteios e até mortes de vigilantes, policiais e transeuntes", destaca Boaventura.

Mas o que a estatística da Febraban comprova é a importância das portas giratórias com detectores de metais, instaladas no final dos anos 90 após a pressão dos trabalhadores e a aprovação de leis municipais. A experiência revela que elas têm sido eficientes na redução dos assaltos. Em 2000 a estatística apontou 1.903 ocorrências. Em 2010, o número caiu para 369, uma queda de 80,16%.

Já em 2011, ano em que o Itaú retirou portas giratórias na reforma de muitas agências e o Bradesco inaugurou unidades por conta do fim do convênio do banco postal com os Correios, foram apurados 422 assaltos, número que aumentou para 440 em 2012, um crescimento de 19,24% nos últimos dois anos.

"É fundamental garantir a instalação de portas giratórias, por meio da aprovação de leis municipais e estaduais", salienta o presidente eleito do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo. "Também queremos que esse equipamento seja item obrigatório no projeto de lei de estatuto de segurança privada, que está sendo elaborado pelo Ministério da Justiça para atualizar a lei federal nº 7.102/83", ressalta.
Mortes em assaltos envolvendo bancos

Outra radiografia da violência nos bancos é a pesquisa nacional sobre mortes em assaltos envolvendo bancos, elaborada pela Contraf-CUT e CNTV a partir de notícias da imprensa, com apoio técnico do Dieese.
Em 2012, 57 pessoas foram assassinadas, uma média de quase 5 vítimas fatais por mês, o que representa aumentos de 16,3% em relação a 2011, quando foram registradas 49 mortes, e de 147,8% em comparação com 2010, que teve 23 mortes.


São Paulo (15), Bahia (8), Rio de Janeiro (7), Ceará (4), Paraná (4), Alagoas (3) e Rio Grande do Sul (3) foram os estados com o maior número de casos. A principal ocorrência (53%) foi o crime de "saidinha de banco", que provocou 30 mortes. Já a maioria (58%) das vítimas foram clientes (33), seguido de vigilantes (9) e policiais (6). Dois bancários também foram mortos.

"Entra ano, sai ano, e mais pessoas continuam morrendo em assaltos envolvendo bancos, o que é inaceitável no setor mais lucrativo do país. Isso comprova o enorme descaso e a falta de mais investimentos dos bancos na proteção da vida de trabalhadores e clientes, bem como revela a fragilidade da segurança pública diante da falta de mais policiais e viaturas nas ruas e de ações de inteligência para evitar ações criminosas", afirma o presidente do Sindicato dos Vigilantes do Distrito Federal, Jervalino Rodrigues Bispo.
"Os bancos cuidam mais da imagem, do marketing e da estética das unidades, enquanto tratam com imprudência a segurança dos estabelecimentos", critica o dirigente dos vigilantes. Isso pode ser comprovado com as multas aplicadas pela Polícia Federal nas reuniões da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP) da Polícia Federal (PF).
Bancos multados por descumprimento da legislação de segurança

Em 2012, a PF multou 13 bancos em R$ 3,557 milhões por descumprimento da lei federal nº 7.102/83 e normas de segurança. Dentre as principais irregularidades destacaram-se o número insuficiente de vigilantes, planos de segurança não renovados, alarmes inoperantes, inauguração de agências sem aprovação de plano de segurança, uso de bancários para transportar numerário, falta de coletes balísticos para vigilantes e cerceamento da fiscalização de policiais federais.

O campeão disparado de multas em 2012 foi o Bradesco, com R$ 1,240 milhão. O valor é quase o dobro do vice-campeão, o Banco do Brasil, com R$ 730,2 mil. Em seguida vêm o Itaú, com R$ 593,4 mil, o Santander com R$ 446,6 mil, a Caixa Econômica Federal com R$ 175,9 mil e o HSBC com R$ 170,7 mil.
Propostas dos vigilantes e bancários

- Porta giratória com detector de metais antes da sala de autoatendimento com recuo em relação à calçada onde deve ser colocado um guarda-volumes com espaços chaveados e individualizados;

- Vidros blindados nas fachadas;

- Câmeras de vídeo em todos os espaços de circulação de clientes, bem como nas calçadas e áreas de estacionamento, com monitoramento em tempo real e com imagens de boa qualidade para auxiliar a polícia na identificação de suspeitos;

- Biombos ou tapumes entre a fila de espera e a bateria de caixas, com o reposicionamento do vigilante para observar também esse espaço junto com a colocação de uma câmera de vídeo, o que elimina o risco do chamado ponto cego;

- Divisórias individualizadas entre os caixas, inclusive os eletrônicos;

- Ampliação do número de vigilantes visando garantir o cumprimento integral da lei 7.102/83 durante todo horário de funcionamento das agências e postos de atendimento;

- Fim da guarda das chaves de cofres e das unidades por bancários e vigilantes, ficando as chaves na sede das empresas de segurança;

- Proibição do transporte de valores por bancários; operações de embarque e desembarque de carros fortes somente em locais exclusivos e seguros; e fim do manuseio e contagem de numerário por vigilantes no abastecimento de caixas eletrônicos;

- Atendimento médico e psicológico para trabalhadores e clientes vítimas de assaltos, sequestros e extorsões;

- Escudos e assentos no interior das agências e postos de atendimento para os vigilantes;

- Instalação de caixas eletrônicos somente em locais seguros;

- Maior controle e fiscalização do Exército no transporte, armazenagem e comércio de explosivos.