Por: CNTV | Confedera��o Nacional de Vigilantes & Prestadores de Servi�os
Postado: 10/08/2011
Para Dieese e Ipea, Brasil pode se sair bem na crise
Crise Finaceira Mundial
 
Estímulo ao mercado interno, fomento à produção e reposicionamento da indústria exportadora são medidas citadas pelas instituições para que efeitos da crise sejam atenuados no País

Wladimir D%%Andrade (Economia)

O economista Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), afirmou nesta terça-feira, 9, que o governo brasileiro está mais preparado para tomar medidas anticrise hoje, do que em 2008. Segundo ele, o Brasil tem experiência e "gordura de juros" para queimar. Além disso, o País pode avançar em desonerações para setores industriais e estimular o mercado interno com projetos sociais e de infraestrutura. Pochmann também disse que essa crise é uma oportunidade para reposicionar a indústria exportadora brasileira no comércio internacional. De acordo com ele, o Brasil deveria tomar como exemplo a Índia e a China que na crise de 2008 aproveitaram as dificuldades de multinacionais para aumentar sua participação acionária nessas empresas ou incorporá-las. "As políticas exportadoras agressivas como as adotadas pela China, Índia e Coreia, têm pouco impacto no Brasil porque as decisões pelas exportações são tomadas pelas matrizes das empresas, que não são brasileiras", disse.

Segundo o presidente do Ipea, a crise internacional, acentuada com as dificuldades fiscais dos Estados Unidos (EUA) e União Europeia (UE), terá reflexos mais fortes no Brasil que a crise de 2008. De acordo com ele, os países ricos hoje em dificuldade não contam com o arsenal de medidas de blindagem como há três anos. "Teremos um quadro recessivo mais grave", disse ele em entrevista exclusiva à Agência Estado.

Pochmann afirmou que EUA e UE não estão adotando estratégias para estimular seus mercados internos, mas ao contrário buscam utilizar as exportações junto com corte de gastos. "A consequência é que haverá um acirramento profundo da competição pelo mercado internacional em um cenário de redução do nível de atividade do mundo", previu. Pochmann disse que o primeiro setor a ser prejudicado no Brasil é a indústria exportadora, primeiramente as voltadas ao comércio com mercados ricos e depois aquelas que exportam para nações do Hemisfério Sul, mas que competem com produtos de países desenvolvidos.

Já o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, disse que as reservas cambiais e o relativo equilíbrios das contas públicas brasileiras serão o trunfo do País para atenuar os efeitos da crise financeira internacional. Segundo ele, essa situação permitirá ao Brasil sustentar um crescimento suficiente para manter os atuais índices de emprego.

"Nossa condição fiscal não é ótima, mas comparada aos países europeus e aos Estados Unidos, está equilibrada. E isso, aliado às nossas reservas, deve ser usado para revigorar o investimento público e preservar os postos de trabalho", afirmou após o seminário "Brasil em Desenvolvimento", promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), na capital do Estado.

De acordo com Ganz Lúcio, o governo brasileiro deve organizar o processo produtivo nacional e criar estímulos para investimentos como por exemplo o programa habitacional "Minha Casa Minha Vida". "Independente da crise, temos que aprofundar a capacidade de planejamento e fomento à produção. Não podemos ficar esperando as condições ideais", disse.

Para o diretor do Dieese, a crise vai atingir as exportações brasileiras em primeiro lugar, mas o mercado interno do País pode compensar boa parte dessa perda. "O mercado interno pode ser fomentado com políticas de renda que sustentem a taxa de crescimento do PIB", afirmou. "Além disso, o governo pode adotar medidas para ajudar setores estratégicos como por exemplo investimentos públicos, infraestrutura social (Saúde e Educação) e atacar desigualdades territoriais".